domingo, 22 de novembro de 2009

Minha consciência está negra

Na sexta não li o jornal, ouvi rádio nem assisti Tv, então, o dia da consciência negra ia passar batido, mas na hora feliz, minha amiga chega contando o caso: "hoje fui parabenizada por um colega de trabalho".
Como ela havia substituído a chefe que estivera de férias, perguntei se os parabéns eram pelo belíssimo trabalho que ela havia desempenhado.
Mas os parabéns eram pelo dia da consciência negra.
Minha amiga, rápida no gatilho, disparou ao cara que ficou pálida: "Mas eu sou a consciência negra? Não? Então vá dar os parabéns para ela!"
Quase morremos de rir!

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Nostalgia

Ontem, participei da solenidade de formatura do curso técnico que sou professora.
Ver aqueles adolescentes embecados e emperequitados, com suas orgulhosas famílias me bateu uma saudade...
Minha formação primeira também foi técnica.
No meu período efusivo de formação de conceitos, o curso técnico teve tremenda importância.
A primeira vez que manipulei um xampú no laboratório da escola, me bateu tão forte, que naquele momento, eu resolvi que queria trabalhar no ambiente do laboratório.
Aquela aula, de certa maneira, me fez decidir sobre como eu iria trampar na minha vida adulta. E assim foi... meu trabalho, sempre foi ligado aos laboratórios da vida. Hoje, quase duas décadas e muitos acontecimentos após, eu trampo com cosméticos e laboratórios. Gracejos delicados e cíclicos da vida?
A solenidade de ontem me fez relembrar o dia da minha formatura do técnico.
Esse dia foi muito especial e adorei relembrá-lo.
A solenidade ocorreu no teatro municipal da cidade que estava lotado por parentes e amigos.
O orador era meu grande amigo e antes da sua fala eu o presenteei com um cartão que, entre outros escritos, tinha a letra da canção, Por enquanto, da Legião Urbana.
Meu amigo foi ótimo na fala de praxe. Agradeceu aos pais, professores, amigos e homenageou um grande amigo que havia falecido no segundo ano do curso. O que me surpreendeu e emocionou foi quando ele, frente ao microfone e todo o teatro, começou a cantar a canção do cartão, assim, de improviso, sem banda... e o teatro todo cantou:
"mudaram as estações, nada mudou...
Se lembra quando a gente chegou um dia a acreditar
Que tudo era pra sempre, sem saber, que o pra sempre
Sempre acaba..."
Nossa, foi o máximo! Pena que há 20 anos, os compactos aparelhos eletrônicos que filmam não existiam... Sei que é impossível sentir a mesma emoção do acontecimento, mas gostaria de contar com uma memória artificial desse momento.
Minha memória natural relembrou o dia, o gosto de emoção da canção e outros sabores que ocorreram na noite, na confraternização informal dos queridos amigos.
Derreti de nostalgia......

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Finados

Comecei este blog num dia de finados. Um sentimento de tradição se apodera de mim e me sinto compelida a postar algo nesta data. Hoje achei que ia passar em branco, corromper, mas dois esbarrões digitais me convenceram a contar uma história. Primeiro, dois grandes amigos, muito, muito especiais e de longa data fazem aniversário hoje e depois, esbarrei no blog do André Forastieri com um post sobre túmulos de gente famosa. Resolvi contar uma história de grandes amigas, numa aventura em busca de um túmulo especial.

Cinco amigas foram à Rússia, para participar do congresso do autor estudado, respeitado, amado.
7 de Novembro, aniversário de uma das amigas. Depois de um evento tradicional, sobre o qual não me recordo, resolveram ir comemorar o aniversário da amiga no cemitério, mais precisamente, no túmulo do autor amado.

E despencaram para o cemitério. Fazia frio e a caminhada não foi curta. A mais experiente, precavida, pelo caminho reparou num bar. Ao chegarem, foram informadas pelo guarda que não poderiam entrar porque o cemitério fecharia em meia hora. Explicaram para o guarda que haviam viajado meio mundo para ver aquele túmulo tão especial à elas. Indicando a praça vermelha como melhor programa, o guarda concordou com a entrada, desde que elas comprassem flores. A flores foram compradas e a tarde começou a cair. O grupo separou-se para ampliar a linha de procura do túmulo. Fazia muito frio e cemitério estava cheio de corvos.

Pouquíssimas foram as vezes que eu procurei um túmulo na minha vida, mas confesso que em nenhuma ocasião foi uma tarefa fácil. Imagina procurar um túmulo com a inscrição: Лев Семёнович Выготский
Encontraram o túmulo, coberto das folhas secas das árvores de ébano. Cuidadosamente recolheram algumas folhas que estavam sobre o túmulo e as trouxeram entre as folhas de seus livros.
O que sentiram? O que procuravam?

Na volta, a neve cai. O bar espreitado foi bom refúgio. Abrigadas, comemoram a vida e esquentam-se com vodca.

A vida é bela e viver é bom! (Vladimir Maiakovski)