segunda-feira, 26 de maio de 2008

Apêndices

Véspera de feriado, acordei me sentindo indisposta. Uma dorzinha de barriga que partia em círculos do umbigo e ia até o coração. Atarefadíssima cumpri os primeiros compromissos do dia e reagendei outros. E a dor lá, martelando. Depois do meio dia ela se concentrou do lado inferior direito da barriga. Imaginei que estava ovulando. Depois que decidi não procriar mais, meu corpo me penitencia nessas datas como me castigando pela decisão.
A noite foi terrível. Depois de tomar 1.500 bolinhas de açúcar decidi tomar um analgésico que não fez efeito.
Na metade do feriado resolvi ir ao hospital. Meu companheiro (que leva essa alcunha por convenção visto que há tempos não me faz mais companhia) dirigiu o carro até o hospital protestando veementemente. Sua teoria é que os médicos devem ser procurados quando estamos bem e não quando estamos morrendo de dor. (??)
Depois de 5 horas, exames de sangue, urina, ultrassom e apalpações veio o diagnóstico: apendicite aguda.
Sofreria a intervenção cirúrgica na mesma noite. Entrei em pânico.
Não confio em médicos. Não confio em anestesistas. Não confio em enfermeiras. Não confio nos processos de desinfecção das salas cirúrgicas. Assinar os formulários dando direito de decisão aos médicos me deixou mais apreensiva ainda.
Minha filha chorando com os olhos desesperados quando nos despedimos na enfermaria me partiu o coração.
Eram 20:00 h quando entrei na sala de cirurgia. Combinamos que a anestesia seria raquidiana para que eu pudesse estar consciente durante a operação, o que não adiantou nada porque dormi profundamente.
Enquanto aguardava o procedimento fiz minhas preces. Não pude deixar de pensar que durante a Idade Média as pessoas morriam desta patologia. O pensamento da morte como iminência me gelou o sangue. Só pensava na minha filha e em sonhos que não realizei. Pensei em quantas vezes sou cagona e acomodada e em todas as desculpas que me dou para manter esta vida cômoda e padronizada que levo.
Depois de três horas acordei sem sentir as pernas e com um corte de sete centímetros na barriga. Dois dias no hospital e quinze dias de repouso em casa.
Sem o apêndice no intestino grosso e com um novo apêndice na alma.

quarta-feira, 14 de maio de 2008

Eu quero comer a Courtney Love!

Confesso que enquanto mulher contemporânea já pensei em comer uma mina. Desculpem meus parcos leitores a crueza vulgar da afirmação.
Pensar eu pensei...
Toda essa coisa do Russo cantando "eu gosto de meninos e meninas", do "um dia, vivi a ilusão de que ser homem bastaria...", dos textos do Roberto Freire com a parada do Soma, o Hermann Hesse, a Anaïs Nin, o Wilde e tantos outros, no meu período efusivo de formação de conceitos fez com que a possibilidade de transar uma pessoa do mesmo sexo deixasse de ser um tabu preconceituoso para a ser uma possibilidade nesta vida cheia delas.
Nunca me apaixonei por uma mulher, nunca fui suficientemente seduzida por uma, nunca seduzi nehuma, portanto, a transa entre o mesmo sexo nunca rolou.
Hoje, meio ébria e totalmente cansada, ao abrir a net me deparei com Cauã Reynold vestido de Courtney Love.
As más línguas dizem que ela é uma feiticeira, que as letras foram escritas pelo Kurt Cobain e o caralho a quatro. Eu acho que a Holle é muito legal e que a Coutney é muito boa.
E o Cauã Reynold está uma delícia de Courtney. Eu quero comer a Courtney!
Ou seria:_ Eu quero comer o Cauã na pele de Courtney!?

quarta-feira, 7 de maio de 2008

Desencontros acadêmicos versão log

E o mundo acadêmico continua me impressionando.
Noite, véspera de feriado e o trio na biblioteca tentando costurar um Frankstein. O combinado era que todas lessem e produzissem algo escrito para ser costurado.
Uma das mentes se acha tão brilhante que leu apenas um capítulo, não produziu porca linha escrita e ainda desconfigurou o teclado do note em um momento de vacilo meu.
Trabalho discutido, costurado e sem acentos.
No dia seguinte, enviei uma versão garibada do simpático Frank.
Três dias depois recebo a resposta da Sra. Mente Brilhante conforme log abaixo:

Olá Meninas,

Compreendi que a dissertação apesar de parecer muito materialista dialética é FENOMENOLOGIA, então fiz umaz modificações no trabalho e tentei esclarecer porque achei isso... A questão que fica para a critica do trabalho analisado é que, se confirmarmos a minha hipotese de que a tese e fenomenologica, ela nao colocou referenciais teoricos nessa linha apesar de ter feito a pesquisa nessa linha... o que acabou confundindo sua pesquisa....
Deêm a opinião de voces..... e perguntemos para as professoras
Beijos
Sra. Mente Brilhante


Sra. Mente Brilhante (fucking arrogante bitch!),

eu não concordo com a hipótese fenomenológica.
Não vou falar que o trabalho tem uma inconsistência metodológica e que a pesquisa é confusa. Além disso acho leviano vc, sem ter ao menos lido o trabalho todo, chegar a essa conclusão.
Não vou perguntar nada pra professora porque vc insistiu em não fazermos uma tese orientada por ela e depois não quero deixá-la de saia justa querendo que ela confirme que o trabalho orientado por outra professora é inconsistente em algum aspecto. Isso seria o sumo da falta de cortesia, educação e compromisso.
Acredito então que devemos nos encontrar na quarta feira, no horário da aula de pesquisa (14h), na sala de aula para debatermos com seriedade a questão.

Carlota


Meninas,

Gostaria de fazer alguns esclarecimentos quanto ao trabalho.
Primeiramente minha intenção era fazer essa troca via net discutindo pontos que nao ficaram claros como a questão metodologica... De forma alguma quero impor minha opinião sobre a posição fenomenologica... O que tentei fazer foi pegar o trabalho anexado, e justificar alguns pontos sobre a posição fenomenologica com base no referencial de leitura indicado pela professora. Fiz isso porque para mim nao ficou claro dentro do trabalho da Paixão a questão da produção elencada pela metodologia dialética...

Mais uma vez retificando, eu apenas quiz verficar a possibilidade da posição fenomenologica (se batia ou nao no trabalho), o que não quer dizer de maneira alguma que ele está fechado. Foi apenas uma maneira de mostrar minha visão sistematizada para voces.

Não precisamos perguntar nada para a professora, foi apenas sugestão já que ela fez parte da banca examinadora....

A questão da inconsistencia metodologia foi apenas uma hipotese minha na tentativa de justificar, a partir da consideração de que é fenomenologica, a falta então, de referenciais teoricos dessa abordagem, caso ela assim o seja, já que os refenciais utilizados são em sua maioria diáleticos.

Enfim há muitas dúvidas. O que gerou esse mal estar. Desculpe-me, mas a intenção foi ajudar a justificar as coisas por outro lado.


Não sei se poderei estar na quarta-feira, farei o que me for possível. Mas acredito que uma conversa com a professora poderá nos esclarecer tudo.

Sra. Mente Brilhante


Os nomes foram alterados e os palavrões foram pensados.
Confesso que só abri o anexo enviado por ela depois que disparei a resposta e por um momento passou-me pela mente que a menina podia ter escrito uma argumentação coerente e de difícil resposta.
Mas a vigarista apenas trocou as palavras “Materialismo Dialético” por “Fenomenologia” no Frank enviado por mim e colou mais 4 parágrafos, de duas linhas, copiados literalmente conceituando a Fenomenologia.
Pirei. Como é possível um ser tão vulgar como este procurar a sapiência? O que será que ela procura?
Há coisas que só consigo começar a resolver no físico. Ou eu quebro a cara da fulana ou eu me acabo no pedal. A segunda opção, por enquanto, ainda é a minha preferência.
Que a noite seja breve, a manhã azul e o cerrado esplendoroso.
Amém.

segunda-feira, 5 de maio de 2008

Carlota dos Amantes

4 biscoitos champanhe triturados
2 ovos
1 barra de chocolate meio amargo (75 g)
2 colheres de nozes moídas
2 colheres de açúcar
2 colheres de manteiga
1/2 xícara de café expresso
1 colher de cognac

Derreta o chocolate em banho maria com 2 colheres de água. Acrescente o açúcar e a manteiga. Bata e acrescente as gemas, uma depois da outra. Deixe cozinhar por 5 minutos e retire do fogo. Bater as claras em neve e misturar com o chocolate. Colocar as nozes. Acrescentar aos poucos o café, o cognac e os biscoitos. Colocar em 2 taças largas e enfeitar com chantilly.

Ainda não provei a receita, mas estava com medo de perder o papel onde a anotei. Este sabor guardarei para alguma ocasião especialmente saborosa.
A receita faz parte de um livro chamado Afrodite de Isabel Allende que minha amiga, estrategicamente, deixa sobre o balcão da sua cozinha.