quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

uma boa história com um bom garçom

Semana passada ouvi uma boa história com um bom garçom e hoje contarei a minha.
A beira de um ataque de nervos resolvi comprar um pacote turístico para Arraial d'Ajuda Bahia. Fui agraciada com um clima atípico. Brasil: sol escaldante exceto no sul da Bahia com chuvas abundantes. Quando vi a mancha cinza no mapa amarelo no jornal nacional não pude deixar de rir com sarcasmo da situação.
Beleza, quem está na chuva é pra se molhar. Choveu a noite inteira, manhã cinza e úmida. Ideal para uma cerveja na praia. UHuh!
Haviam 2 turistas e 2 bares abertos na praia. Chuviscos esparsos.
O outro turista também estava no pacote então nos conhecíamos de vista. Ele chegou, colocou um, tomamos umas biritas, e começamos a conversar sobre o Ato médico. Quero deixar bem claro que não fui eu quem escolheu tão divertido assunto. Constatamos posições completamente antagônicas. Ele queria impor sua posição, ficou na pregação e tentou exercer poder sexista. Pirei. Mandei o cara reacionário, machista do caralho ir tomar no cú. O cara ofendidíssimo foi contribuir para a economia do buteco concorrente. O garçom do buteco onde eu permaneci foi ao delírio. Assim conheci o Carlos. Nativo, com o dente da frente esquerdo faltando, humildemente descolado e garçom. Quem já teve amigo garçom sabe como é ser agraciado por quem tem o poder de servir.
No terceiro dia a chuva deu uma trégua e no quarto o chão estava meio seco. Aluguei uma bike e fiz Arraial, Trancoso. 26 km pela estrada.
Cheguei em Trancoso, comi um abacaxi inteiro, umas barrinhas, água, apreciei a paisagem e peguei o caminho de volta.
A areia já tinha entrado na corrente impossibilitando a troca das marchas.
Na volta encontrei meu bom amigo garçom que estava saindo do turno no club med com os os colegas e voltavam para suas casas. Peguei uma carona na barca da galera pela trilha. Caminhos fora do asfalto que levam os nativos para suas casas. A mata é linda! Quando estava quase exaurida meu amigo me serviu mangabas maduras no pé. Frescas depois das chuvas. Deliciosas.
Eu, que só conhecia a fruta pelo João Cabral tive vontade de recitar. Só saía o "Mangas, mangabas" e nada mais. Meu amigo ria tranquilo com olhar de quem não estava capitando muita coisa mas o encontro já bastava.

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

ainda sobre bike

Vinha eu, na minha, no gás, na preferencial quando uma barca branca cuspidora de altíssimas descargas de fumaça preta podre entra abruptamente na minha frente e manobra na curva da rua estreita ocupada por carros estacionados dos dois lados. Freando pensei: Maldita barca gigante!Inversamente proporcional ao pau do seu dono! Porra! "Onde é que há gente nesse mundo?" Cadê a mínima gentileza?
Cuspiu duas baforadas podres na atmosfera, andou 50 metros e estacionou na contra mão. Nesse momento imaginei que sentiria prazer em ver o cara agonizando no grande congestionamento do Loyola Brandão.
Definitivamente os usuários de bicicletas não são respeitados. Não somos respeitados no trânsito; quando precisamos estacionar em algum estabelecimento nem quando temos que guardar a bike nos prédios residenciais.
Uma vez morei num prédio só guardava no bicicletário bikes imóveis porque dava muito trampo pro porteiro abrir o bicicletário e a chave tinha que ficar guardada no cú de alguém que inventou a burocracia e fucks... como a minha era utilizada todos os dias eu tinha que subir carregando 3 andares de escadas.
Respeito o direito de usar o carro pra passear; conquistar um tipo de gatinha; sublimar grilos físicos; emocionais; subjetivos; definir-se, mostrar estatus e até o direito egoísta de ir de carro para a padaria. Só gostaria de pedalar dizendo bom dia e não sendo ameaçada de morte por pessoas que se confundem com as máquinas.
Baforadas de oxigênio, o Tim Armstrong cantando parecido com reguizinho e a marcha pesada somados ao meu medo católico me fizeram acalmar os nervos, parar de pensar o mal às pessoas e pedir perdão por ter acrescentado ao cosmos coisas negativas e perversas.
Tudo bem até amanhã, no próximo pedal.

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

Causos do inferno astral de 2008

Minha caneta estourou dentro da pochete. Tudo azul. Minhas mãos, meus papéis, minhas chaves, meu telefone. Deve ter estourado pela energia emanada depois que eu briguei com o gerente do estacionamento porque tinha amarrado minha bike num cano qualquer daquele lixo. O estacionamento não disponibiliza lugar adequado para amarrar a bike. Não acho que deva pagar. Mas o panaca também não veio me cobrar. Veio me dizer que eu devia solicitar a sua autorização todas as vezes que quisesse parar a bike lá. Eu! Ficar pagando pau pra mané! Vá à merda! E o cara foi muito grosso, se achando poderoso, cheio de empáfia.
_ Estou me sentido constrangida com sua atitude e quero o nome e telefone do seu superior para formalizar uma queixa.
_Meu nome é Roberto Carlos, sou o gerente e acima de mim só o senador.
_Que senador?
_Não posso dizer o nome não.
_Ah é? Então foda-se, vai lamber o cú do senador! Aquele bandido! Seu proletário vendido!

Por que não falar o nome do senador dono do estacionamento Época do Libety Mall? Tenho certeza de que nem deve estar no nome do cara.
Filho da puta! Minha bike amarrada lá 1 hora por semana com certeza lesará as finanças do ilustre senador.
E como brinde, a caneta estourou dentro da pochete.
Inferno astral, blá.