segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Finados

Comecei este blog num dia de finados. Um sentimento de tradição se apodera de mim e me sinto compelida a postar algo nesta data. Hoje achei que ia passar em branco, corromper, mas dois esbarrões digitais me convenceram a contar uma história. Primeiro, dois grandes amigos, muito, muito especiais e de longa data fazem aniversário hoje e depois, esbarrei no blog do André Forastieri com um post sobre túmulos de gente famosa. Resolvi contar uma história de grandes amigas, numa aventura em busca de um túmulo especial.

Cinco amigas foram à Rússia, para participar do congresso do autor estudado, respeitado, amado.
7 de Novembro, aniversário de uma das amigas. Depois de um evento tradicional, sobre o qual não me recordo, resolveram ir comemorar o aniversário da amiga no cemitério, mais precisamente, no túmulo do autor amado.

E despencaram para o cemitério. Fazia frio e a caminhada não foi curta. A mais experiente, precavida, pelo caminho reparou num bar. Ao chegarem, foram informadas pelo guarda que não poderiam entrar porque o cemitério fecharia em meia hora. Explicaram para o guarda que haviam viajado meio mundo para ver aquele túmulo tão especial à elas. Indicando a praça vermelha como melhor programa, o guarda concordou com a entrada, desde que elas comprassem flores. A flores foram compradas e a tarde começou a cair. O grupo separou-se para ampliar a linha de procura do túmulo. Fazia muito frio e cemitério estava cheio de corvos.

Pouquíssimas foram as vezes que eu procurei um túmulo na minha vida, mas confesso que em nenhuma ocasião foi uma tarefa fácil. Imagina procurar um túmulo com a inscrição: Лев Семёнович Выготский
Encontraram o túmulo, coberto das folhas secas das árvores de ébano. Cuidadosamente recolheram algumas folhas que estavam sobre o túmulo e as trouxeram entre as folhas de seus livros.
O que sentiram? O que procuravam?

Na volta, a neve cai. O bar espreitado foi bom refúgio. Abrigadas, comemoram a vida e esquentam-se com vodca.

A vida é bela e viver é bom! (Vladimir Maiakovski)

Nenhum comentário: