2008 foi um ano maravilhoso para quem curte o rock. O Planeta Terra fechou o ano com chave de ouro.
Saímos de Brasília com um calor escaldante e chegamos em São Paulo sobre uma chuva torrencial que nos obrigou a voar por uma hora sobre o aeroporto antes de aterrisarmos. São Paulo estava um caos. O trânsito parado e os taxis não conseguiam chegar ao aeroporto. Estávamos fumando um cigarrinho e decidindo o itinerário enquanto várias funcionárias do aeroporto batiam fotos e pediam autógrafos para um moço bonito. Curiosa perguntei aos companheiros de pito quem era a figura. Eles me disseram que era o galã da novela dos mutantes. Me perguntarem se eu não acompanhava a novela. Eu respondi que aqui em casa não temos televisão. Os caras não acreditaram e perguntaram o que eu fazia no meu tempo de ócio. Eu respondi que lia e fazia outras coisas. Aí os operários sacaram um discurso que me deixou pasma: eles sabem que na TV só tem mentiras, que o jornal nacional é uma visão da realidade, que a TV emburrece (palavaras deles) mas que eles gostam de se dopar na frente dela porque ajuda a passar o tempo da vida dura. Depois desse diálogo começarei a carregar umas cópias do Discurso da servidão voluntária. Não posso perder a oportunidade de planfetar reflexões.
Decidimos chegar ao metrô de ônibus visto que não apareceu um táxi em meia hora. A viagem de ônibus foi tranquila e a pequena adorou. Dentro do ônibus um cobrador falava para o outro como é legal cursar a faculdade e como o estudo abre a cabeça e como o diploma pode gerar outras oportunidades de trabalho. Ele de cobrador agora trampava num escritório na Paulista. Olha aí o pensamento escolarizado, a confusão do método com essência, diploma com sapiência.
Voltar para a terra natal é sempre muito bom. Minha terra tem postes, onde canta o sabiá. Os sorrisos que aqui afloram, não afloram como lá.
A família vai muito bem, obrigada.
No sábado após o tradicional churrasquinho rumamos novamente para a capital morrendo de medo da chuva, que por Graça não caiu.
O festival rolou em um espaço muito legal, com galpões, sem fila para a cerveja e um mini mercado mix bem descolado onde comprei os botons rockers prometidos aos meus alunos.
O primeiro show foi da Malu Magalhães. Eita show chatinho. Além de cantar em inglês a mina poderia fazer o cover dos Mutantes.
O show do Animal collective foi marcante. Nosso amigo e companheiro de rock queria uma classificação para o som dos caras. Ficou satisfeito quando foram rotulados com o eletro rock experimental.
Queria ter curtido os Foals mas no outro palco o Jesus and the Mary Chain estavam arrasando então sem sombra de dúvidas decidi voltar aos meus 15 anos e dancei o show inteiro. Que emoção! Viva o poder rejuvenescedor do Rock!
Na sequência, no mesmo palco rolaram o Offspring que curtíamos em 97 nas reps como bem lembrado nossso companheiro que neste ponto já estava transmutando de Dr. Jackill
para Mr. Hide e nos abraçando italianescamente. Foi impossível não pular o show inteiro apesar da vontade de curtir os Spoons. Meu companheiro do rock disse que os Spoons foram demais, energizantes. Dr. JackieHide não se conformou com a separação do trio e exclamou: "_ Pô como é que o cara preferiu ver 1/3 da banda e foi ver a outra? Este é o som que rola no meu carro!" Pois é, Spoons rola no dele. Viva a diversidade do Rock!
Agora era o impasse: Breeders ou Bloc Party?
O meu racional: você já viu Breeders em Curitiba.
O show do Bloc party começou bem devagar. Os caras são estavam tão bem de palco naquele dia. Sei lá... o clima do palco é diferente do clima do clipe, do estúdio. Uma coisa uma coisa, outra coisa, outra coisa. Não dá pra trazer o clipe para o palco. Os caras tinha 15 minutos para me apaixonar...
Meia noite em ponto estávamos no meio, na direção da terceira coluna para o show. A Kim Deal sempre linda e doce encantou o público e todos sorriam e dançavam. Céu.
Encontramos nosso amigo que nesta etapa falava línguas.
No momento de harmonia e felicidade bolamos nosso discretinho quando visualizo outra diva, uma que eu curtia no início dos 90. Meu coração bateu mais forte e não pude deixar que cochichar para o meu gato:"_ Aquela diva!"
Seus amigos se aprochegaram e mantivemos um contato. Não foi um encontro no sentido Buberiano. Ela é encanada com os fotógrafos. Os amigos escudeiros compartilham. Eu também seria. Todos falam dela, poucos devem falar com ela. Viver num mundo onde as relações Eu-Isso predominam sob holofotes, onde uma nação tem a relação Eu-Isso com a sua imagem idealizada (que é uma parte de você) deve ser extremamente opressor. Tem que amar muito a profissão e ser muito forte e bem humorado para segurar a onda. Quando meu gato sacou a máquina fotográfica para a nossa clássica foto com o palco ao fundo, eles volatilizaram com o ar. Perdi mais uma oportunidade de panfletar o La Boitie.
Mas valeu a presença. Duas divas do rock ao mesmo tempo, interagindo comigo. Uau! Quão afortunada sou!
E aí vieram os Kaiser Chiefs. Showzaço! Levantou a galera! Viva o poder renovador do Rock! Eu e meu gatorade curtimos o show escorados numa grade de manutenção. 7 horas de rock ininterruptas me balearam.
Para finalizar outros encontros legais: o Fabrício e senhora do MQN que levam para SP o festival Noise; a banda Biggs, o Steavi que agora está no Rio. Faltou você lá.
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